O responsável pela produtora So Much More Records, Eduardo Mingas “Negro Bué”, disse ontem ao Jornal de Angola que é urgente os músicos angolanos, particularmente os da nova geração, primarem pela defesa da identidade cultural nacional, para valorizarem convenientemente as raízes angolanas alem fronteiras.
Na musica há mais de dez anos, o rapper disse esta a preparar o seu novo trabalho discográfico, “Três Cores”, uma singela de homenagem ás cores da bandeira nacional, como forma de elevar os valores patrióticos.
O álbum está virado também para o resgate dos valores cívicos e morais, tem 16 faixas e conta com as participações especiais dos cantores Kizua Gourgel, Mad, o grupo Rap-Ases, e o artista Moçambicano DMG.
Negro Bué afirmou ainda que pretende incluir no disco a participação do conceituado musico Barceló de Carvalho “Bonga”. “Pretendo convidá-lo por admirar a sua dimensão artística. Considero Bonga um músico de elevada craveira que sempre conservou a sua identidade cultural no que se respeita á interpretação do Semba”, disse.
Segundo o musico, o álbum chega ao mercado em Abril do próximo ano, mas vai ser precedido de um single, composto por duas faixas musicais “Vamos Tentar “ e “Vou Morrer No Rap”, que é lançado ainda este mês. “O tema é uma advertência aos músicos que deixam o rap para enveredar por outros estilos como Kuduro”, afirmou.
“O que se observa nos dias de hoje, é uma grande tendência dos músicos angolanos do estilo rap apostarem no semba, kizomba ou kuduro por incapacidade artística e com a finalidade de conquistarem fama e notoriedade a todo custo, o que, para mim, contraria a sua identidade cultural”, afirmou.
Para o cantor, um musico sem linha artística bem definida e estilo próprio é alguém sem identidade cultural. “Nesse momento, os estilos nacionais que fazem mais sucesso nas pistas de dança do pais e do estrangeiro são o semba e o kuduro. Nos últimos anos, alguns artistas de rap têm apostado nestes estilos para ganharem notoriedade”.
Negro Bué acrescentou: “Todos os músicos de estilo rap que imigraram para o kuduro, com o intuito de fazer fusão entre os dois estilos, acabam por cantar simplesmente kuduro. Em vez de fazer uma fusão entre rap e o kuduro, cantam simplesmente um bom kuduro”, afirmou.
Negro Bué defende que o rapper pode e deve trabalhar com músicos de outros estilos. “Se eu tiver que participar num trabalho discográfico de um conceituado artista, apenas levaria o rap ao semba. Jamais cantaria semba ao lado do Bonga, porque são estilos diferentes e conservam a sua própria identidade cultural”, defendeu. Afastado dos palcos há sete anos, por razões familiares, Negro Bué, disse que não deixou o trabalho artístico e participou na produção de todos os discos da So Much More Records, como “Depois de Tudo” e “Puro do Gueto”, de Megga Fofo e Boy G. “Acabei de contrair matrimónio e tive de dedicar grande parte do meu tempo ao meu filho e á minha mulher.
Em termos de participações especiais, disse que trabalhou no disco do musico Eduardo Paim, “Maruvo na Taça”, da apresentadora da TPA Marlene Amaro, da cantora Nila Borja e recentemente no da cantora Gisela Silva.
Fonte: Jornal de Angola